quinta-feira, 26 de outubro de 2006

"O Quebra-Nozes"

foto retirada de http://www.paxjulia.org/fotosdetalhe

Ontem à noite, depois de mais um dia depressivo, fui assistir ao bailado "O Quebra-Nozes" pelo Ballet Clássico Estatal de Kiev, fundado por iniciativa do Ministério da Cultura da Ucrânia (parecidíssimo com o "carinho" que o nosso país tem pelas artes!!!!).

Durante parte da noite voguei pela fantasia, pela beleza intemporal do ballet, pela arte performativa de uns bailarinos soberbos, esqueci-me da mediocridade das pessoas, da pequenez dos julgamentos de crítica gratuita.

Fugi à rotina das lágrimas, embebi-me de poesia cinética...

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Mau tempo

Parece que tudo está em consonância com o meu estado de espírito: o mau tempo, o nevoeiro, a chuva, o vento, as folhas a caírem, o cinzento que me cobre a alma. A escuridão que me assola os pensamentos.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Aridez

foto retirada de http://leonardodavinci.csa.fi.it/studenti/altrimondi/ambienti/img/deserto.jpg


Questiono-me,
E não encontro respostas
Só aridez....
Caminhos labirínticos,
Perigos emudecedores.
Vagueio sem rumo,
Perco-me na solidão.
Sou mais uma na multidão
Que soçobrou,
Afundando-se em desertos de melancolia.
Não me (re)conheço
Sou um grão de areia no meio da vastidão
Hoje sinto cansaço,
Cansaço de lutar em batalhas perdidas....
Cansaço de não querer ser igual aos outros que me condenam
E acabar exaurida de tanto batalhar....
Em mim os sonhos morrem antes de nascer
Morrem em mim e aqui permanecem
Num teatro mórbido, em que instintivamente
Desempenho o meu "papel"
Abrigando tudo o que foi e não passou
Tudo o que passou e em mim morreu.
E o tempo passa
Insensível ao meu sentir.
Houve tempos em que comemoravam o dia dos meus anos
Hoje cumpre-se ritualmente
Sem que um assombro me encante a alma.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Turbilhão




Os meus dias arrrastam-se...

Inexoravelmente sinto-me no meio de um turbilhão emocional.

O meu humor oscila entre a tristeza profunda

E o fingimento duma alegria passageira,

Impiedosamente sobe à tona o meu cansaço,

A solidão da minha alma,

A revolta de ser o que não sonhei ser.

A incompreensão dos outros...

O meu desalento perante mim...

Não sou quem fui...

E por mais que procure não me encontro,

desconheço-me...

Aninho-me no silêncio dos pensamentos.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

"A vida secreta das palavras"

... Silêncio, Dor, Poesia, História, Amor, Guerra, Esperança...

Há meses que estava para ir ver o filme"A vida secreta das palavras", título, com que secretamente fiquei obcecada, mas por um motivo ou outro lá ia adiando...
Ontem fui, finalmente, vê-lo, sob grande expectativa. O filme narra-nos uma história sobre o poder do amor, mas sem a mediocridade de um argumento delico-doce.
É realizado pela espanhola Isabel Coixet e conta com a actuação sobriamente magistral de Tim Robbins e Sarah Polley nos principais papéis. O filme é um grito poético contra a dor, a culpa, os traumas e a guerra, mostrando que a esperança não morre.
Numa plataforma petrolífera no mar, onde só trabalham homens, imersos na solidão e isolados pelo mar, acontece um acidente. Hanna, também ela dolorosamente solitária, oferece-se como enfermeira para cuidar de um trabalhador da plataforma que ficou temporariamente cego, Josef (magistral interpretação de Tim Robbins), com queimaduras múltiplas e a dor de uma culpa que o mortifica.
Dá-se início a uma intimidade profunda, a uma empatia, traduzida na troca de segredos, de um arrancar de confissões que os vai manter unidos pelas histórias que partilham: a dor de certas escolhas na vida e os traumas de guerra. A vida secreta das palavras leva-os a sussurrar um passado que querem esquecer e um futuro que desejam e essa será a marca inefável dos sentimentos que pairam no que se diz e no que se omite. Entre estes dois sobreviventes de dores secretamente interiorizadas vai estabelecer-se uma troca de sentimentos, sem que qualquer um deles se revele completamente. Dor, solidão, obscuridade, silêncio, amor, lágrimas, esperança são os vocábulos que preenchem esta história, onde ainda há espaço para falar do “súbito silêncio que se produz antes de uma tempestade”, “de vinte e cinco milhões de ondas” e retratar, em pungentes pinceladas, os retratos de quem vive e trabalha numa plataforma no meio do mar, onde o rumor das ondas assinala “um tempo sem tempo”, cenário ideal para um universo de isolamento, tristeza, fingimento e depressão, onde se trocam afectos para ludibriar a solidão.
O filme é um poema cruel e realístico, onde somos levados a entrar no torturado mundo interior de uma mulher que foi submetida a tortura e violação, durante a “guerra” da Jugoslávia. As palavras constituem a razão de ser para continuar a viver, para revelar escondidas dores, sentidas à flor da pele.
No filme tenta-se mostrar que é possível partilhar numa catarse dolorosa a solidão de (sobre) viver. Tim Robbins, numa das mensagens verbais que mais me tocou, ou não fosse eu uma melancólica alma, promete a Hanna "aprender a nadar" para os manter à tona, nos dias em que as lágrimas dela os inundarem.
Segundo a realizadora, é um filme: "sobre o silêncio repentino que antecede uma tempestade, e acima de tudo, sobre o poder do amor, mesmo nas mais terríveis circunstâncias".
É um filme que vou rever....

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Chove em mim.

foto de anameireles

Hoje deixei que a chuva me encharcasse

e que se fundisse nas lágrimas do meu mundo.

Por isso não chorei sozinha...

Hoje em uníssono libertei a dor nas lágrimas,

que se misturaram com as gotas que escorriam pelo meu rosto.

Tenho a alma fria e os sonhos gelados....

sábado, 14 de outubro de 2006

Cor


Preciso de cor
Procuro a luz
Anseio pela libertação desta dor....

Sonho ser feliz
Misturar todas as cores
como um petiz....

Preciso viver
Deixar este limbo de escuridão
em oceanos de cor me embeber...

Preciso de luz
que expulse as trevas
para onde o meu ser me conduz...

Preciso de amor
de um refúgio
onde fuja da dor...

Preciso de calor
Que me aqueça a alma fria
Preciso de amor...

Busco um regaço
para repousar de tanto sofrimento
Fugir do cansaço...

Anseio mergulhar na melodia
que disperse as trevas
Do meu dia-a-dia.

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Desabafos

( Imagem de Livia Alessandrini )

Este blog tornou-se o meu confidente

onde despejo toda a minha amargura,

confesso a minha tristeza,

lamento a minha dor....

Noto que a tristeza tem tomado conta de mim

e cobre todos os posts....

Estou num labirinto sem saída.

Que faço?

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Grito de revolta

(Guayasamin-Grito)

Quem sou? Não me reconheço na
imagem que o espelho me devolve...
Farrapo de quem já fui...
Trabalho, mas já não consigo entregar-me...
Mataram-me os sonhos, antes de os ter sonhado.
Violaram-me a esperança antes de a ter tido.
Roubaram-me o alento antes de ter força.
Subjugaram-me o viver antes de o planear...

Agrilhoaram-me às vicissitudes do quotidiano.
Impuseram-me a perca de tantos projectos de vida,
cegos, surdos e imunes ao mal que provocaram...
Ditatorialmente deitaram por terra todo o meu ser!
Agora, derrotada fisica e emocionalmente,
Resta-me a força moral para gritar a minha revolta:
Odeio o que esta política faz a mim e ao meu país...
Por isso grito, choro, e não me calo!
Por isso declaro basta!

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Cinzas

(Foto: Escritório Meteorológico da Islândia)


Mergulho nos tons de cinza em que me observo,
O dia-a-dia é uma sucessão de minutos que se convertem em horas.
Em vão luto, em vão medito, em vão... sempre em vão...
O meu desalento assume contornos desproporcionais.
Já não sei como lutar contra este estado de espírito,
Penso na situação e .... esta enrola-se em mim,
Com uns tentáculos invisíveis, que lentamente me sufocam,
Matando qualquer resquício de alegria.
Já não tenho forças, cinzas sou...
Tudo em que toco em cinza se converte!

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

De costas voltadas...



Há dias em que acordamos de costas voltadas para a vida.
Dias, em que apesar do sol brilhar, tudo à nossa volta nos cobre de escuridão, a alma pesa-nos. Tentar enfrentar os nossos problemas surge como tarefa impossível, para a qual já não me restam forças, nem alento.
O meu eu anda revoltado comigo, os meus sonhos enovelam-se nas teias dos pesadelos, tento cumprir o que esperam de mim, mas sinto que estou a superar tarefas mecanicamente.
A profissão perdeu muito do encanto com a política vigente.
E o que está para vir ainda me mergulha mais na escuridão.
Anseio um raio de sol, uma luz que me ajude a largar esta dor que me sufoca, mas os dias passam, inexoravelmente imunes ao que se passa dentro de mim...

sábado, 7 de outubro de 2006

Impressão


Depois de tantos dias em lutas homéricas com linguagem Html, ....tenho a impressão que consegui recuperar o meu blog, que tinha sofrido um profundo revés...Sem eu saber como, tudo se tinha apagado à excepção dos posts...Dei por mim a "estudar" códigos e tutorias, a tentar, a errar e a recomeçar. Decidi que havia de vencer esta batalha e ... voilá, o meu blog tal Fénix renascida das cinzas, voltou a ter forma...não a inicial, mas pelo menos com os conteúdos repostos....e com imagens de gatos, muitos gatos...que eu adoro! Ufa! Deixo aqui a minha impressão para confirmar a vitória neste round, andei tão absorvida que até me esqueci de mim e dos meus labirintos emocionais. ;)