quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

"Fazer por confiar" e "Os laços morrem a dormir"

Fazer por confiar
"Abrir os olhos" é, para muitos, um sinónimo de maturidade, ao qual se opõe um "confiar de olhos fechados", tomado como um gesto de generosidade, mas imprudente. Não acho que seja assim.
Na verdade, nunca confiamos em ninguém, mas nos sentimos que essa pessoa nos leva a sentir. Acontece que, de tanto fazermos por estar de olhos abertos, talvez os fechemos de menos para olharmos para os sentimentos com que cada pessoa nos premeia. E, se não o fizermos, não confiamos; fazemos por confiar que é, sem se dar conta, uma forma de aprendermos a desconfiar dos nossos sentimentos".
Os laços morrem a dormir
"(...) os laços também morrem. Basta que adormeçamos para eles e que se iludam os cuidados que um grande amor precisa ter.
Os laços alimentam-se com gestos atentos e claros, e com uma infindável esperança de sermos de alguém que não desiste de nos conhecer (mesmo para além do que presumimos saber de nós).
Qualquer "vai-se andando" mata os laços com o silêncio; e devagar. Como os mata imaginar que merecemos dos outros a falta de cuidados que eles nos merecem.
Os laços também morrem. Basta que adormeçamos para eles e que se iludam os cuidados que um grande amor precisa ter."
in Tudo o que o Amor não é , de Eduardo Sá

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