domingo, 17 de dezembro de 2006

"Livro de Horas"

"Aqui, diante de mim,
Eu, pecador, me confesso
De ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
Que vão ao leme da nau
nesta deriva em que vou.

Me confesso
Possesso
Das virtudes teologais,
Que são três,
E dos pecados mortais,
Que são sete,
Quando a terra não repete
Que são mais.

Me confesso
O dono das minhas horas.
O das facadas cegas e raivosas
e o das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo
Andanças
Do mesmo todo.

Me confesso de ser charco
E luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
Que atira setas acima
E abaixo da minha altura.

Me confesso de ser tudo
Que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
Desta minha condição.
Me confesso de Abel e Caim.

Me confesso de ser Homem.
De ser um anjo caído
Do tal céu que Deus governa;
De ser um monstro saído
Do buraco mais fundo da caverna.

Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
Para dizer que sou eu
Aqui diante de mim!"

Miguel Torga, in O Outro Livro de Job

Perfil

Perfil

"Não. Não tenho limites.
Quero de tudo
Tudo.
O ramo que sacudo
Fica varejado.
Já nascido em pecado,
Todos os meus pecados são mortais.
Todos tão naturais
À minha condição,
Que quando, por excepção,
Os não pratico
É que me mortifico.
Alma perdida
Antes de se perder,
Sou uma fome incontida
De viver.
E o que redime a vida
É ela não caber
Em nenhuma medida."

Miguel Torga, in Diário XIII

Veneno com Veneno

"- A mentira (...) é uma opção. Consiste numa contextualização arbitrária e consciente, com um objectivo. Enquanto a verdade é abertura e cria vulnerabilidade, a mentira é controlo, equacionamento e protecção, bem como risco calculado.
Falar verdade é fácil. Não exige mestria nem sabedoria. É básico. Mentir, por seu lado, é um exercício que apela ao balanço, cálculo, avaliação, arte, desenvoltura, representação, mímica, memória, raciocínio, sentido de plausibilidade. É um jogo exigente que obriga ao nosso melhor, pois, se não for ganho, o resultado é a desgraça ou o descrédito do indivíduo.
Ter consciência das implicações da mentira leva-nos a controlar o comportamento e a direccionar os objectivos. A deliberada denúncia de uma mentira é, por parte do jogador exímio, uma atitude falsa, que resulta numa vitória e num caminho para uma jogada maior. A consciência da existência de uma relativa capacidade de observação do interlocutor leva o mentiroso a um refinamento do seu comportamento, surtindo, quando capaz, um efeito mais profundo. Qui s'excuse s' accuse só funciona entre níveis de jogadores diferentes, entre percepções díspares. eu sei que tu sabes que eu sei que tu sabes ... leva a um esgrimir inconsequente e interminável, que só poderá encontrar resolução se, ao longo do percurso, houver um deslize ou uma incauta denúncia. de outra forma, as regras que definem o mentiroso e as regras a que o mentiroso recorre só servirão para tornar a acção nula, porquanto ambos os interlocutores dominam as técnicas.
O elemento que permite desequilibrar o combate de mentiras é a introdução de verdades, ou meias verdades, devidamente doseadas e calculadas.O jogo passa a ter, então, uma complexidade tal que nem mesmo um interlocutor esclarecido sobre as técnicas da mentira consegue detectar com facilidade o grau de mentira.
Uma mentira pode, então, tornar-se numa verdade."
Sérgio Lorré, Veneno com Veneno

"Princesa" Sofia


Esta semana estive ausente dos meus problemas...ocupada com a minha "princesa" Sofia, que preencheu os dias sem sentido da tia babada e cansada da vida, que "passou" pelos dias sem pensar em si, mas sim na magia de ser criança .
Queria aqui deixar um louvor à Biblioteca Municipal de Beja pelo carinho com que sempre nos recebem e pelo "espaço".
E quando falo em espaço, eu leitora compulsiva assumida, não me refiro só ao sector de leitura, abarco todo o edifício.
Hoje aproveito para salientar o local que mais frequentei durante a semana: a Bebéteca- um refúgio onde os sonhos das crianças podem acontecer e onde pais, tias e restante família conseguem voltar a sorrir, longe do bulício do quotidiano e voltar a sentir a ingenuidade e a alegria de viver das crianças.

Coragem




Há dias em que a alma me sorri...
Dias raros de sorte,
Em que esqueço o pesadelo que vivi
e sonho que não volte.
Momentos de força em que tenho coragem
Para sair deste abismo,
Em que me animo e pinto com a voragem
Com que noutros dias choro e cismo.

domingo, 10 de dezembro de 2006

O Prometido é Devido....

Aqui está, através do mail que me enviou a minha Laura, a letra da música que o meu 9º D me dedicou e que prometi postar logo que tivesse a letra:

Ela triste estava e nós não ajudamos
Estamos arrependidos, mas agora já é tarde
Esta música é para a prof. nos perdoar
Já é dia, já é hora de voltar

Aqui ao pé do 9ºD (9ºD) só a prof. fica só ela pode ficar! (bis)

Vamos acabar
porque temos beijos para dar
Aqui ao pé do 9ºD, ao pé de nós, só a prof. fica, só ela pode ficar!
nanana..na
nanana..na só a prof. fica, só ela pode ficar





Aproveito também para voltar a agradecer e, ainda, para postar as palavras de encorajamento que ela me enviou:

"(A música pode ser simples, mas tivemos muito carinho em faze-la)
Melhore depressa que temos saudades suas! =P
Beijinhos grandes Laura*

P.S.: "Nenhum caminho é longo demais quando um amigo nos acompanha." Lembre-se que tem aqui cerca de 25 amigos sempre dispostos a ajuda-la ;)
Muita força para ultrapassar esta crise =) "

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

9º D(ELICIOSO)

Hoje tive uma surpresa boa, muito boa mesma.
Quando cheguei a casa tinha a maior parte dos meus alunos do 9º D à minha espera.
Foi um momento tocante, que me emocionou, mas que me encantou e enlevou "nas asas dum sonho" de recuperação.
Fizeram-me uma serenata, com base numa música dos Xutos e Pontapés, um dos meus grupos portugueses preferidos, a letra como é obvio estava adaptada a mim e a eles, enquanto professora e turma.
Quando tiver o poema que eles reescreveram posto-o aqui, logo, juro.
Este post é a minha singela homenagem ao gesto de altruísmo e amor com que me brindaram.
Um enorme obrigada do fundo do coração e a promessa que vou tentar recuperar o mais cedo possível, para voltar para junto deles...

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Exposição de pintura da Lena Baltazar e Antónia Gouveia



































Hoje foi um dia diferente, apesar de andar completamente metida na minha
concha, em reclusão completa, não pude resistir aos convites pessoais de duas
amigas, a quem muito quero e que têm um lugar reservado no meu coração.

Deixo aqui uma breve mostra, da exposição que estará, na pousada, até dia 10
e que incito todos os que gostam de pintura e expressão sensorial a visitá-la
e quiçá a adquirir uma prenda de Natal diferente.
Eu não me importaria nada de receber qualquer um deles (alguns mais do que
outros, como é óbvio) no "sapatinho".

Eu gostei muito, aliás abriu-me o apetite para também regressar aos pincéis
e às telas, embeber-me de cor e pintar o que me vai na alma, é uma forma
de me alienar do que me rodeia e me cerceia, ir para além de mim, imbuir-me
de sentimentos e sensações, numa sinestesia total. Abstrair-me de tudo e todos.

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Viver

A vida raramente nos traz o que pretendemos, ou sonhámos...

Continuamente nada tem a ver com o que almejámos.

Mas viver é mesmo isso...

Subir montanhas, nas quais escorregamos a meio

e recomeçar a subi-las, sabendo disso.

Encerrar no mais profundo o que temos de feio....

E, ironicamente, pensar que temos o dom da razão,

Quando nos dizem que não.

Lutar contra julgamentos

Esconder os sentimentos

Fugir de chantagens

Num viver onde não vemos as vantagens.

Aguentar, superar o pudor da dor.

Mergulhar em pinceladas de cor.

Gritar contra todos

Chorar a rodos

Avançar cada dia um passo

Sem ter medo que este seja dado em falso...

Sorrir por entre lágrimas

Só para superar as lástimas

De quem finge perceber

O que nunca conseguirá saber.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

"As Velas Ardem Até Ao Fim"

"-Cada um gera também aquilo que acontece consigo. Gera-o, invoca-o, não deixa de escapar àquilo que tem de acontecer. O homem é assim. Fá-lo, mesmo que saiba e sinta logo, desde o primeiro momento, que tudo o que faz é fatal. O homem e o seu destino seguram-se um ao outro, evocam-se e criam-se mutuamente. Não é verdade que o destino entre cego na nossa vida, não. Odestino entra pela porta que nós mesmos abrimos, convidando-o a passar. Não há nenhum ser humano que seja bastante forte e inteligente para desviar com palavras ou com acções o destino fatal que advém, segundo leis irrevogáveis, da sua natureza, do seu carácter."

Sándor Márai, As Velas Ardem Até Ao Fim

"Send me an Angel...."



Mais um poema memorável, numa música que me aquece a alma...

Send Me An Angel

The wise man said just walk this way
To the dawn of the light
The wind will blow into your face
As the years pass you by
Hear this voice from deep inside
It's the call of your heart
Close your eyes and you will find
The way out of the dark

Here I am
Will you send me an angel
Here I am
In the land of the morning star

The wise man said just find your place
In the eye of the storm
Seek the roses along the way
Just beware of the thorns

Here I am
Will you send me an angel
Here i am
In the land of the morning star

The wise man said just raise your hand
And reach out for the spell
Find the door to the promised land
Just believe in yourself
Hear this voice from deep inside
It's the call of your heart
Close your eyes and you will find
The way out of the dark

Here I am
Will you send me an angel
Here I am
In the land of the morning star
Here I am
Will you send me an angel
Here I am
In the land of the morning star


Scorpions

domingo, 26 de novembro de 2006

Perdida dentro de mim



Ontem dei por mim perdida dentro de mim.
Enrolada na cama como um bichinho de conta.
Fitando o branco do armário à minha frente....
Nem sei contabilizar os minutos em que estive assim:
Alheia a tudo e todos,
Fechada dentro de mim,
Vogando num mar de pensamentos,
Que se alternavam aleatoriamente sem que eu tivesse
forças para inverter essa maré de recordações,
em que mergulhava, sufocando lentamente.
E ali estava eu, estática, sem forças paraa me mexer,
sem conseguir alterar o rumo dos pensamentos...
Imersa num mar de dor,
de raiva pelos enganos em que fui caíndo ao longo da vida,
de tristeza pelos erros que cometi,
de saudade dos amigos de quem me fui afastando...
Lembrei-me de familiares que há tanto partiram,
de episódios em que a injustiça venceu,
de sonhos que pereceram sem verem a cor dos dias...
Dei por mim perdida...
Tentei mexer-me e não podia,
as lágrimas rolavam-me pelo rosto
e nem as conseguia limpar.
Sentia tudo, mas o meu corpo
estava inerte, inútil, frágil.
E, em silêncio, reminescências de momentos passados,
embrulhavam-se nos actuais,
numa rede de teias, mentiras, falsidade, saudade e dor.
Sempre a dor, a dor de não ter sabido ver.
A dor de não ter percebido...
A dor de ter tentado não ver...
A dor de ter errado.
A dor de ter fingido que tudo estava bem...
A dor de esconder a dor que me consomia lentamente.
Momentaneamente a escuridão pegou-se à minha pele
como um manto, uma mortalha que me silenciava.
Foi aí que, da minha garganta soltou-se um gemido.
E lentamente recobrei a consciência do que me rodeava...
A cama, o armário branco, as faces húmidas,
o sal das lágrimas...
Fui voltando a mim, ao meu corpo que antes não sentia.
Ah, a sensação de regressar de uma viagem para além de mim,
para além da consciência, para além do peso dos membros,
para além do meu corpo.
A pouco e pouco voltei a ouvir os sons que me rodeavam,
o cheiro da minha pele
o calor da minha respiração...
Mexi um dedo,outro e mais outro...
Olhei espantada para as minhas mãos
Como se as visse pela primeira vez.
Como se nem as reconhecesse,
Numa sinestesia de sons, cores e movimentos
que me martelavam o cérebro, devolvendo-me ao momento presente.
A um presente de luta,
A um presente de revolta,
De volta à vida?

sábado, 25 de novembro de 2006

"Sempre ausente"

Sempre gostei de António Variações:
pela ousadia de ser diferente, pela coragem
de enfrentar uma sociedade alicerçada em preconceitos,
por ser quem era sem se preocupar com rótulos limitadores....
De entre as suas músicas, esta toca-me particularmente:

Sempre ausente

Diz-me que solidão é essa
que te põe a falar sozinho
diz-me que conversa
estás a ter contigo

Diz-me que desprezo é esse
que não olhas p'ra quem quer que seja
ou pensas que não existe
ninguém que te veja

que viagem é essa
que te diriges em todos os sentidos
andas em busca dos sonhos perdidos

uh-uh-uh-uh-uh-uh
uh-uh-uh-uh-uh-uh

lá vai o maluco
lá vai o demente
lá vai ele a passar
assim te chama toda essa gente

mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar
mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar
mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar

diz-me que loucura é essa
que te veste de fantasia
diz-me que te liberta
de vida vazia


diz-me que distância é essa
que levas no teu olhar
que ânsia e que pressa
que queres alcançar

que viagem é essa
que te diriges em todos os sentidos
andas em busca dos sonhos perdidos


uh-uh-uh-uh-uh-uh-uh
uh-uh-uh-uh-uh-uh-uh

lá vai o maluco
lá vai o demente
lá vai ele a passar
assim te chama toda essa gente


mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar
mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar
mas eu estou sempre ausente e não me conseguem alcançar
não me conseguem alcançar
não me conseguem alcançar
não me conseguem alcançar


António Variações

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Estou farta!

Estou farta
Cansei-me
estou farta que se metam na minha vida
que se intromentam sem serem convidados
que dêem palpites, sugestões, conselhos...
tudo em "prol do meu suposto bem"....
Hipócritas, fingidos, actores de improviso.
Quero que desapareçam
Que me esqueçam
que me deixem viver a minha vida à minha maneira,
"Sempre sempre à minha maneira"!
A partir de agora já nem finjo ouvir por educação.
A educação que vá pelos ares, que se volatize.
Se errar e cair, levanto-me, lambo as feridas e volto a tentar.
Sou "fera ferida, no corpo, na alma e no coração",
mas sou eu que faço as minhas escolhas,
que tomo as minhas decisões.
Como sempre fiz e farei.

domingo, 19 de novembro de 2006

"Eis-me..."



Eis-me

Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face

Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio

Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente


Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto (1962)

"Because Of You"



Mais uma música em que me apaixonei pelo poema....

Because of you

I will not make the same mistakes that you did
I will not let myself cause my heart so much misery
I will not break the way you did
You fell so hard
I've learned the hard way, to never let it get that far

Because of you
I never stray too far from the sidewalk
Because of you
I learned to play on the safe side
So I don't get hurt
Because of you
I find it hard to trust
Not only me, but everyone around me
Because of you
I am afraid

I lose my way
And it's not too long before you point it out
I cannot cry
Because I know that's weakness in your eyes
I'm forced to fake a smile, a laugh
Every day of my life
My heart can't possibly break
When it wasn't even whole to start with
(...)
Because of you
I never stray too far from the sidewalk
Because of you
I learned to play on the safe side
So I don't get hurt
Because of you
I tried my hardest just to forget everything
Because of you
I don't know how to let anyone else in
Because of you
I'm ashamed of my life because it's empty
Because of you
I am afraid


(Composição: Kelly Clarkson, David Hodges e Ben Moody)

"Changes"



Como sempre oiço uma música, "escutando" o poema antes de tudo...não resisti a excertos desta....

Changes

Não vou lamentar, o que passou passou
Eu vou embora, meu tempo acabou
Tenho muita coisa para descobrir
Eu sinto muito mas tenho que ir
Vou indo porque nada mais me prende aqui
É o final do show
E não fique magoado porque vou partir
É só o jeito que eu sou
(...)
Livre eu me sinto, sublime
Gente mais gente
O mar e o céu azul
(...)
Sempre em frente, nunca pra trás
Sempre em frente, nunca pra trás


cantado por Seu Jorge

MUDANÇAS



"Muda de Vida"

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens...que ser
assim?...

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar

Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens... que ser
assim?...

Olha que a vida não, não é nem deve ser
Como um castigo que tu terás que viver

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar


António Variações
Cantado por Manuela Azevedo in HUMANOS

terça-feira, 14 de novembro de 2006

"PUS A ALMA...."



Gosto especialmente desta música de Adelaide Ferreira (mais uma vez confesso que antes de mais me "apaixonei" pelo poema):

PUS A ALMA NOS TEUS DENTES

O meu corpo é um caminho
que só eu sei onde vai
na busca do teu carinho
ora balança, ora cai

Quando repousas as ancas
sobre a minha pele lisa
o suspiro que me arrancas
é a alma feita em brisa.
Não deixes que a noite escura
dê ao nosso amor um fim
porque me sinto mais pura
quando estás dentro de mim

O meu corpo é um caminho
que só eu sei onde vai
na busca do teu carinho
ora balança, ora cai

Fico ali adormecida
numa alegria tamanha
e volto outra vez à vida
porque a tua barba arranha.
Quando me beijas os seios
com os teus lábios frementes
vê os meus olhos - fechei-os,
pus a alma nos teus dentes

O meu corpo é um caminho
que só eu sei onde vai
na busca do teu carinho
ora balança, ora cai



Adelaide Ferreira
(Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Rui Veloso)

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Ecos


As minhas raízes secaram.
A minha cor perdeu-se.
Sou um emaranhado de ramos
que nada seguram.
À minha volta tudo é aridez...
Separei-me da vida
Embebi-me de ecos de memórias passadas.

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Solidões


A solidão é a minha companhia.

Pretendida?

Confessso que a maioria das vezes sim...

Sou solitária por natureza
é um hábito enraizado em mim,
este de me fechar dentro de mim....
de me enrolar como um bichinho de conta,
de me esconder como a ostra protege a pérola.
Às vezes solto-me e confesso dores que ditas me parecem ridículas,
sofrimentos que nada são em comparação com a realidade do quotidiano.
Outras, sofro em silêncio com um sorriso nos lábios e uma lágrima no coração...
Mas dias há em que um gesto me enternece, uma voz me acalenta os sonhos,
Um carinho que me preenche o vazio dos dias.
Um olhar me ilumina a negritude e a pincela de cores vibrantes,
em que o susssurrar duma voz me embala, numa antiga música de ninar.
A esta melodia chamo esperança...
A esta esperança me agarro
para não enlouquecer...
Ou para soltar a minha voz que tanto silenciou.


terça-feira, 7 de novembro de 2006

Espelho de... Água

As águas negras do poço da minha vida
empurram-me para um fundo que não quero.
Esgatanho-me a tentar trepar pelas pedras lisas.
Em vão tento, mas sempre escorrego...
As águas espelham um passado que já foi
Um eu em que já não me reconheço...
Soluços estrangulam-me a voz,
Silenciando-me o grito.
Ninguém me escuta,
Só o murmurar do vento parece responder ao meu apelo
E aqui fico, presa ao quotidiano das palavras
aos gestos mecânicos do meu eu.
A ti, que me lês confesso-me:
Procuro a roldana do meu poço
Aquela que me tirará deste abismo,
Desta luta de gritos mudos,
De lágrimas amargas,
De sonhos adiados.
Será que podes ouvir o que não digo,
Mas que em vão medito....
O que grito emudecida pelas mordaças do desprezo dos outros
Quer o confesse ou o esconda.
E nas águas do poço espelha-se a minha dor
Os meus gestos cansados de lutar.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

"Hoje é o primeiro dia..."

Hoje adormeci embalada pela trovoada...
Sonhei que as amarras que me ligavam à tristeza
Explodiam e me libertavam....
Os gradeamentos que me cerceavam volatilizavam-se.
E, eu, voltava do fundo do abismo viva.
Cada lágrima que me escorria pelo rosto
Limpava meses de sofrimento....
E o farrapo em que me transformei
Transfigurava-se num novo ser,
Frágil, mas com coragem para lutar.
"E veio-me à memória uma frase batida:
Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida..."

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Declaração

A partir de hoje vou tentar!
Vou esforçar-me para ver para além do cinzento,
Ver mais além das barreiras que me cercavam.
Libertar-me das amarrras psicológicas,
Permitir-me voltar a sonhar...
Abarcar o mundo numa só golfada!
Inspirar a vida que estagnei
e expira-la em contracções libertadoras.
Passo a passo, ir expulsando a dor,
Procurar o calor, saborear o momento
Renascer das cinzas
Reaprender a sorrir,
Olhar e ver as cores...
Embeber-me de maresia
Mergulhar na liberdade de voltar a ser.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

"O Quebra-Nozes"

foto retirada de http://www.paxjulia.org/fotosdetalhe

Ontem à noite, depois de mais um dia depressivo, fui assistir ao bailado "O Quebra-Nozes" pelo Ballet Clássico Estatal de Kiev, fundado por iniciativa do Ministério da Cultura da Ucrânia (parecidíssimo com o "carinho" que o nosso país tem pelas artes!!!!).

Durante parte da noite voguei pela fantasia, pela beleza intemporal do ballet, pela arte performativa de uns bailarinos soberbos, esqueci-me da mediocridade das pessoas, da pequenez dos julgamentos de crítica gratuita.

Fugi à rotina das lágrimas, embebi-me de poesia cinética...

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Mau tempo

Parece que tudo está em consonância com o meu estado de espírito: o mau tempo, o nevoeiro, a chuva, o vento, as folhas a caírem, o cinzento que me cobre a alma. A escuridão que me assola os pensamentos.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Aridez

foto retirada de http://leonardodavinci.csa.fi.it/studenti/altrimondi/ambienti/img/deserto.jpg


Questiono-me,
E não encontro respostas
Só aridez....
Caminhos labirínticos,
Perigos emudecedores.
Vagueio sem rumo,
Perco-me na solidão.
Sou mais uma na multidão
Que soçobrou,
Afundando-se em desertos de melancolia.
Não me (re)conheço
Sou um grão de areia no meio da vastidão
Hoje sinto cansaço,
Cansaço de lutar em batalhas perdidas....
Cansaço de não querer ser igual aos outros que me condenam
E acabar exaurida de tanto batalhar....
Em mim os sonhos morrem antes de nascer
Morrem em mim e aqui permanecem
Num teatro mórbido, em que instintivamente
Desempenho o meu "papel"
Abrigando tudo o que foi e não passou
Tudo o que passou e em mim morreu.
E o tempo passa
Insensível ao meu sentir.
Houve tempos em que comemoravam o dia dos meus anos
Hoje cumpre-se ritualmente
Sem que um assombro me encante a alma.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Turbilhão




Os meus dias arrrastam-se...

Inexoravelmente sinto-me no meio de um turbilhão emocional.

O meu humor oscila entre a tristeza profunda

E o fingimento duma alegria passageira,

Impiedosamente sobe à tona o meu cansaço,

A solidão da minha alma,

A revolta de ser o que não sonhei ser.

A incompreensão dos outros...

O meu desalento perante mim...

Não sou quem fui...

E por mais que procure não me encontro,

desconheço-me...

Aninho-me no silêncio dos pensamentos.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

"A vida secreta das palavras"

... Silêncio, Dor, Poesia, História, Amor, Guerra, Esperança...

Há meses que estava para ir ver o filme"A vida secreta das palavras", título, com que secretamente fiquei obcecada, mas por um motivo ou outro lá ia adiando...
Ontem fui, finalmente, vê-lo, sob grande expectativa. O filme narra-nos uma história sobre o poder do amor, mas sem a mediocridade de um argumento delico-doce.
É realizado pela espanhola Isabel Coixet e conta com a actuação sobriamente magistral de Tim Robbins e Sarah Polley nos principais papéis. O filme é um grito poético contra a dor, a culpa, os traumas e a guerra, mostrando que a esperança não morre.
Numa plataforma petrolífera no mar, onde só trabalham homens, imersos na solidão e isolados pelo mar, acontece um acidente. Hanna, também ela dolorosamente solitária, oferece-se como enfermeira para cuidar de um trabalhador da plataforma que ficou temporariamente cego, Josef (magistral interpretação de Tim Robbins), com queimaduras múltiplas e a dor de uma culpa que o mortifica.
Dá-se início a uma intimidade profunda, a uma empatia, traduzida na troca de segredos, de um arrancar de confissões que os vai manter unidos pelas histórias que partilham: a dor de certas escolhas na vida e os traumas de guerra. A vida secreta das palavras leva-os a sussurrar um passado que querem esquecer e um futuro que desejam e essa será a marca inefável dos sentimentos que pairam no que se diz e no que se omite. Entre estes dois sobreviventes de dores secretamente interiorizadas vai estabelecer-se uma troca de sentimentos, sem que qualquer um deles se revele completamente. Dor, solidão, obscuridade, silêncio, amor, lágrimas, esperança são os vocábulos que preenchem esta história, onde ainda há espaço para falar do “súbito silêncio que se produz antes de uma tempestade”, “de vinte e cinco milhões de ondas” e retratar, em pungentes pinceladas, os retratos de quem vive e trabalha numa plataforma no meio do mar, onde o rumor das ondas assinala “um tempo sem tempo”, cenário ideal para um universo de isolamento, tristeza, fingimento e depressão, onde se trocam afectos para ludibriar a solidão.
O filme é um poema cruel e realístico, onde somos levados a entrar no torturado mundo interior de uma mulher que foi submetida a tortura e violação, durante a “guerra” da Jugoslávia. As palavras constituem a razão de ser para continuar a viver, para revelar escondidas dores, sentidas à flor da pele.
No filme tenta-se mostrar que é possível partilhar numa catarse dolorosa a solidão de (sobre) viver. Tim Robbins, numa das mensagens verbais que mais me tocou, ou não fosse eu uma melancólica alma, promete a Hanna "aprender a nadar" para os manter à tona, nos dias em que as lágrimas dela os inundarem.
Segundo a realizadora, é um filme: "sobre o silêncio repentino que antecede uma tempestade, e acima de tudo, sobre o poder do amor, mesmo nas mais terríveis circunstâncias".
É um filme que vou rever....

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Chove em mim.

foto de anameireles

Hoje deixei que a chuva me encharcasse

e que se fundisse nas lágrimas do meu mundo.

Por isso não chorei sozinha...

Hoje em uníssono libertei a dor nas lágrimas,

que se misturaram com as gotas que escorriam pelo meu rosto.

Tenho a alma fria e os sonhos gelados....

sábado, 14 de outubro de 2006

Cor


Preciso de cor
Procuro a luz
Anseio pela libertação desta dor....

Sonho ser feliz
Misturar todas as cores
como um petiz....

Preciso viver
Deixar este limbo de escuridão
em oceanos de cor me embeber...

Preciso de luz
que expulse as trevas
para onde o meu ser me conduz...

Preciso de amor
de um refúgio
onde fuja da dor...

Preciso de calor
Que me aqueça a alma fria
Preciso de amor...

Busco um regaço
para repousar de tanto sofrimento
Fugir do cansaço...

Anseio mergulhar na melodia
que disperse as trevas
Do meu dia-a-dia.

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Desabafos

( Imagem de Livia Alessandrini )

Este blog tornou-se o meu confidente

onde despejo toda a minha amargura,

confesso a minha tristeza,

lamento a minha dor....

Noto que a tristeza tem tomado conta de mim

e cobre todos os posts....

Estou num labirinto sem saída.

Que faço?

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Grito de revolta

(Guayasamin-Grito)

Quem sou? Não me reconheço na
imagem que o espelho me devolve...
Farrapo de quem já fui...
Trabalho, mas já não consigo entregar-me...
Mataram-me os sonhos, antes de os ter sonhado.
Violaram-me a esperança antes de a ter tido.
Roubaram-me o alento antes de ter força.
Subjugaram-me o viver antes de o planear...

Agrilhoaram-me às vicissitudes do quotidiano.
Impuseram-me a perca de tantos projectos de vida,
cegos, surdos e imunes ao mal que provocaram...
Ditatorialmente deitaram por terra todo o meu ser!
Agora, derrotada fisica e emocionalmente,
Resta-me a força moral para gritar a minha revolta:
Odeio o que esta política faz a mim e ao meu país...
Por isso grito, choro, e não me calo!
Por isso declaro basta!

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Cinzas

(Foto: Escritório Meteorológico da Islândia)


Mergulho nos tons de cinza em que me observo,
O dia-a-dia é uma sucessão de minutos que se convertem em horas.
Em vão luto, em vão medito, em vão... sempre em vão...
O meu desalento assume contornos desproporcionais.
Já não sei como lutar contra este estado de espírito,
Penso na situação e .... esta enrola-se em mim,
Com uns tentáculos invisíveis, que lentamente me sufocam,
Matando qualquer resquício de alegria.
Já não tenho forças, cinzas sou...
Tudo em que toco em cinza se converte!

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

De costas voltadas...



Há dias em que acordamos de costas voltadas para a vida.
Dias, em que apesar do sol brilhar, tudo à nossa volta nos cobre de escuridão, a alma pesa-nos. Tentar enfrentar os nossos problemas surge como tarefa impossível, para a qual já não me restam forças, nem alento.
O meu eu anda revoltado comigo, os meus sonhos enovelam-se nas teias dos pesadelos, tento cumprir o que esperam de mim, mas sinto que estou a superar tarefas mecanicamente.
A profissão perdeu muito do encanto com a política vigente.
E o que está para vir ainda me mergulha mais na escuridão.
Anseio um raio de sol, uma luz que me ajude a largar esta dor que me sufoca, mas os dias passam, inexoravelmente imunes ao que se passa dentro de mim...

sábado, 7 de outubro de 2006

Impressão


Depois de tantos dias em lutas homéricas com linguagem Html, ....tenho a impressão que consegui recuperar o meu blog, que tinha sofrido um profundo revés...Sem eu saber como, tudo se tinha apagado à excepção dos posts...Dei por mim a "estudar" códigos e tutorias, a tentar, a errar e a recomeçar. Decidi que havia de vencer esta batalha e ... voilá, o meu blog tal Fénix renascida das cinzas, voltou a ter forma...não a inicial, mas pelo menos com os conteúdos repostos....e com imagens de gatos, muitos gatos...que eu adoro! Ufa! Deixo aqui a minha impressão para confirmar a vitória neste round, andei tão absorvida que até me esqueci de mim e dos meus labirintos emocionais. ;)

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Lutar em vão

As aulas começaram imunes ao meu amargor,
Tanta cara nova, tantos sonhos por revelar...
Os dias arrastam-se num limbo de dor
Finjo alegria com a alma a gritar.
Transmito, debito, explico,
repito, indago, solicito.
Inexoravelmente cumpro as obrigações
Olho em frente, mas nada me ilumina.
Tenazmente procuro explicações
Ignorando que a busca termina
numa parede de silêncio.
Calar para não gritar
as lágrimas que trago escondidas,
as perguntas proibidas
Que tenho que evitar.
Invento nevoeiros de palavras por dizer,
Ecos de projectos inacabados
Fragmentos amachucados
de sonhos por viver.
Cansada desta luta sem fim
Abrigo-me, escondida, dentro de mim.

Ridícula

(imagem da net)

Ridícula, perdida...
sinto-me actriz sem talento,
numa farsa sem argumento
arrastando-me pelos palcos da vida..

terça-feira, 25 de julho de 2006

Ai que saudades...

Parece que está meio mundo de férias, a cidade onde moro está um marasmo, iniciativas intelectuais "estão suspensas", população pouca e só à noite e durante os fins-de- semana não sei mesmo se a cidade "não partiu para parte incerta".
Como não sounada apreciadora de televisão pouco me resta:
-gata, livros, amor e... net, flagelo para uns, trabalho para outros e ainda diversão para muitos.
Nestas viagens pela blogosfera nunca deixo de passar por vários blogs, dentro destes o blog A tua Amiga, é uma tentação a que não resisto.
Deduzo que toda essa escrita é produto do alter ego de alguém, encoberto no papel de "acompanhante", mas as situações narradas são de uma vivacidade linguística, condimentadas q.b. e de uma comicidade inata. Confesso que faço parte das fans.
Dentro doutro tipo, gosto muito de ler o blog Mamãããã!!!, se o primeiro me faz chorar de tanto rir, o segundo faz-me transbordar de sentimentos, que quase sempre também me levam às lágrimas...
Como neste momento não tenho net, pois solicitei mudança de operadora, estou com algumas falhas de "actualização da blogosfera", mas a vontade era tanta que aproveitei uma deslocação a casa do Pai a fim de "alimentar" a netmania.
Ai que saudades que tinha do meu "bloguinho"...lol

domingo, 23 de julho de 2006

Hoje

Hoje a luz do sol fez-me ser conivente com a felicidade, eu que sou atreita a períodos de tristeza.
Mas quem resiste ao brilho de um dia assim, ao chilrear das aves, à luminosidade dum olhar que nos reflecte e que se reflecte em nós?
Hoje foi um dia bom, diferente, há dias assim, "dias de alma branca", em que as impressões sensoriais nos percorrem num frémito de prazer e se alojam em nós aquecendo-nos o coração.
Dias em que as sensações se vivem à flor da pele, burilando teias de cores alegresque substituem a negritude usual.
Hoje apetece-me pintar na tela da memória, em pinceladas vibrantes, os sons que sonhei.
Hoje acorrentei a mágoa, a dor das injustiças da vida, a amargura de ficar aquém....
Hoje fui feliz, amanhã logo se vê....

Noites


Os meus dias fundem-se nas noites...

Noites de silêncio e meditação,

Onde mil fantasias sobem ao palco

Escondidas pelo manto da escuridão.

Há olhares que se fundem na noite,

Mãos que se enlaçam em segredo,

Confissões que se murmuram

Enquanto os sentidos desvendam texturas.

O manto negro envolve os sentidos,

desbravando mistérios iluminados pelo luar...

A pele arrepiada revela-se

Num poema de antiquíssimas sonoridades.

sábado, 22 de julho de 2006

Bom Fim de Semana!


TEMPO QUENTE CONVIDA AO PRAZER...DO DESCANSO!!!

Divirtam-se e tentem ser felizes!!!

Parabéns


Dia 20 a minha princesinha fez 1 aninho

Aqui está a fotografia do bolinho.
A tia deixa-lhe aqui esta lembrança
Numa singela homenagem à criança
Que reina no coração da tia...
Feliz aniversário, Sofia!

Meu corpo...

Meu corpo, perdido num vórtice de sentimentos,
planeia ir mais além, fugir da rotina e do miasma da vida.
Meu corpo, sonha ser um pássaro planando para além
das marés da vida e dos sentidos.
Meu corpo, ínfimo na grandiosidade que o rodeia, quer entender o que não pode ser compreendido...
Meu corpo, perdido de mim, quer alcançar o âmago do meu ser, procurando no infinito o que não pode possuir.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

Para Além do Azul


No meu olhar perdido
Há marés de memórias...
Alicerço meus sonhos na areia,
Onde refaço minhas ilusões.
Mergulho no sal das lágrimas,
Vagueio para além do azul...

terça-feira, 18 de julho de 2006

Espelho



Fluir no infinito...
Mergulhar num mar de prata,
Balançar na espuma das vagas.
Sonhar ser maré,
Fluxo e refluxo...
Nimbar-me de sonhos,
Voar sobre mim,
Deslizar no teu corpo
Fundir-me em ti!


Confissão

Ajo segundo a minha vontade.

Nada me demove.

Abandono-me ao sol,

Indiferente a tudo e a todos.

Depois procuro quem me mima

E aninho-me no seu coração. ..

segunda-feira, 17 de julho de 2006

TU...



Quem me amparará a dor
Segurando-me contra o peito?
Quem me iluminará o dia só com um olhar?
Quem afastará de mim o medo de sentir, a recusa em
acreditar?...
Quem será a minha sombra protectora e o calor que me aquece a alma e reconstruirá o meu coração fragmentado?


Queimadura


Ah!....Se eu pudesse agarrar o sol.

Inundar-me da sua luz,

Queimar-me no seu esplendor

E renascer das cinzas...

sexta-feira, 14 de julho de 2006

SER



"Quem foi e não voltou.E não voltando
entre ter sido e ser - está dividido
Eu sou o que ficou aquém do quando
Pelo tempo em pedaços repartido

Eu sou o que assaltou o paraíso
e disse não. Eu sou o subversivo
Meu reino é entre a lágrima e o riso
E só de me querer livro sou cativo.


Manuel Alegre

Repartida















"Quem foi e não voltou.E não voltando
entre ter sido e ser- está dividido
Eu sou o que ficou aquém do quando
Pelo tempo empedaços repartido

Eu sou o que assaltou o paraíso
e disse não.Eu sou o subversivo
Meu reino é entre a lágrima e o riso
E só de me querer livro sou cativo.


Manuel Alegre

FRAGMENTADA



Este blog nasceu no meio do abismo em que todo o meu ser se afundou, estou exaurida de lutar como D. Quixote, sem possibilidades de vencer o caos ...
Dei tudo e fiquei sem forças, agora resta-me juntar os pedaços e refazer-me para aguentar o próximo ano laboral.
É difícil.... não quero pensar, mas dou por mim a fazê-lo, não quero sofrer e dou comigo a penar, não quero sentir e dou comigo a chorar.
Como diz Manuel Alegre "não sei de quantas lágrimas se tece a dor", por isso espero....e sonho...

quinta-feira, 13 de julho de 2006

Within Temptation - Memories



A primeira vez que ouvi esta música fez-me meditar, a segunda fez-me recordar e a terceira fez-me sonhar....
Ouçam e digam o que vos transmite.

quarta-feira, 12 de julho de 2006

Cegueira

"Passamos pela coisas sem as ver,
Gastos como animais envelhecidos,
Se alguém chama por nós não respondemos
Se alguém nos pede amor não estremecemos
Como frutos de sombra sem sabor
Vamos caindo no chão apodrecidos".


Eugénio de Andrade

Memória

  • "A memória mente ao tempo. Porque é perigoso que o amor ganhe a intensidade da paixão que o gera.
  • " A memória é uma especíe de agente duplo: mata-nos ao mesmo tempo que nos ressuscita".

  • "Não há memória mais terrível do que a da pele; a cabeça pensa que esquece. O coração sente que passou, e a pele arde, invulnerável ao tempo".

    (Inês Pedrosa, A Instrução dos Amantes)

terça-feira, 11 de julho de 2006

Perdida













Jan Krömer's photo



"Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim"


(Mário de Sá Carneiro)