domingo, 17 de dezembro de 2006
"Livro de Horas"
Eu, pecador, me confesso
De ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
Que vão ao leme da nau
nesta deriva em que vou.
Me confesso
Possesso
Das virtudes teologais,
Que são três,
E dos pecados mortais,
Que são sete,
Quando a terra não repete
Que são mais.
Me confesso
O dono das minhas horas.
O das facadas cegas e raivosas
e o das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo
Andanças
Do mesmo todo.
Me confesso de ser charco
E luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
Que atira setas acima
E abaixo da minha altura.
Me confesso de ser tudo
Que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
Desta minha condição.
Me confesso de Abel e Caim.
Me confesso de ser Homem.
De ser um anjo caído
Do tal céu que Deus governa;
De ser um monstro saído
Do buraco mais fundo da caverna.
Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
Para dizer que sou eu
Aqui diante de mim!"
Miguel Torga, in O Outro Livro de Job
Perfil
"Não. Não tenho limites.
Quero de tudo
Tudo.
O ramo que sacudo
Fica varejado.
Já nascido em pecado,
Todos os meus pecados são mortais.
Todos tão naturais
À minha condição,
Que quando, por excepção,
Os não pratico
É que me mortifico.
Alma perdida
Antes de se perder,
Sou uma fome incontida
De viver.
E o que redime a vida
É ela não caber
Em nenhuma medida."
Miguel Torga, in Diário XIII
Veneno com Veneno
"Princesa" Sofia
Esta semana estive ausente dos meus problemas...ocupada com a minha "princesa" Sofia, que preencheu os dias sem sentido da tia babada e cansada da vida, que "passou" pelos dias sem pensar em si, mas sim na magia de ser criança .
E quando falo em espaço, eu leitora compulsiva assumida, não me refiro só ao sector de leitura, abarco todo o edifício.
Coragem
Há dias em que a alma me sorri...
Dias raros de sorte,
Em que esqueço o pesadelo que vivi
e sonho que não volte.
Momentos de força em que tenho coragem
Para sair deste abismo,
Em que me animo e pinto com a voragem
Com que noutros dias choro e cismo.
domingo, 10 de dezembro de 2006
O Prometido é Devido....
Ela triste estava e nós não ajudamos
Estamos arrependidos, mas agora já é tarde
Esta música é para a prof. nos perdoar
Já é dia, já é hora de voltar
Aqui ao pé do 9ºD (9ºD) só a prof. fica só ela pode ficar! (bis)
Vamos acabar
porque temos beijos para dar
Aqui ao pé do 9ºD, ao pé de nós, só a prof. fica, só ela pode ficar!
nanana..na
nanana..na só a prof. fica, só ela pode ficar
Aproveito também para voltar a agradecer e, ainda, para postar as palavras de encorajamento que ela me enviou:
"(A música pode ser simples, mas tivemos muito carinho em faze-la)
Melhore depressa que temos saudades suas! =P
Beijinhos grandes Laura*
P.S.: "Nenhum caminho é longo demais quando um amigo nos acompanha." Lembre-se que tem aqui cerca de 25 amigos sempre dispostos a ajuda-la ;)
Muita força para ultrapassar esta crise =) "
quinta-feira, 7 de dezembro de 2006
9º D(ELICIOSO)
Quando cheguei a casa tinha a maior parte dos meus alunos do 9º D à minha espera.
Foi um momento tocante, que me emocionou, mas que me encantou e enlevou "nas asas dum sonho" de recuperação.
Fizeram-me uma serenata, com base numa música dos Xutos e Pontapés, um dos meus grupos portugueses preferidos, a letra como é obvio estava adaptada a mim e a eles, enquanto professora e turma.
Quando tiver o poema que eles reescreveram posto-o aqui, logo, juro.
Este post é a minha singela homenagem ao gesto de altruísmo e amor com que me brindaram.
sexta-feira, 1 de dezembro de 2006
Exposição de pintura da Lena Baltazar e Antónia Gouveia


Hoje foi um dia diferente, apesar de andar completamente metida na minha
concha, em reclusão completa, não pude resistir aos convites pessoais de duas
amigas, a quem muito quero e que têm um lugar reservado no meu coração.
Deixo aqui uma breve mostra, da exposição que estará, na pousada, até dia 10
Eu gostei muito, aliás abriu-me o apetite para também regressar aos pincéis
quarta-feira, 29 de novembro de 2006
Viver
A vida raramente nos traz o que pretendemos, ou sonhámos...
Continuamente nada tem a ver com o que almejámos.
Mas viver é mesmo isso...
Subir montanhas, nas quais escorregamos a meio
e recomeçar a subi-las, sabendo disso.
Encerrar no mais profundo o que temos de feio....
E, ironicamente, pensar que temos o dom da razão,
Quando nos dizem que não.
Lutar contra julgamentos
Esconder os sentimentos
Fugir de chantagens
Num viver onde não vemos as vantagens.
Aguentar, superar o pudor da dor.
Mergulhar em pinceladas de cor.
Gritar contra todos
Chorar a rodos
Avançar cada dia um passo
Sem ter medo que este seja dado em falso...
Sorrir por entre lágrimas
Só para superar as lástimas
De quem finge perceber
O que nunca conseguirá saber.
segunda-feira, 27 de novembro de 2006
"As Velas Ardem Até Ao Fim"
Sándor Márai, As Velas Ardem Até Ao Fim
"Send me an Angel...."
Mais um poema memorável, numa música que me aquece a alma...
Send Me An Angel
The wise man said just walk this way
To the dawn of the light
The wind will blow into your face
As the years pass you by
Hear this voice from deep inside
It's the call of your heart
Close your eyes and you will find
The way out of the dark
Here I am
Will you send me an angel
Here I am
In the land of the morning star
The wise man said just find your place
In the eye of the storm
Seek the roses along the way
Just beware of the thorns
Here I am
Will you send me an angel
Here i am
In the land of the morning star
The wise man said just raise your hand
And reach out for the spell
Find the door to the promised land
Just believe in yourself
Hear this voice from deep inside
It's the call of your heart
Close your eyes and you will find
The way out of the dark
Here I am
Will you send me an angel
Here I am
In the land of the morning star
Here I am
Will you send me an angel
Here I am
In the land of the morning star
Scorpions
domingo, 26 de novembro de 2006
Perdida dentro de mim
Ontem dei por mim perdida dentro de mim.
Enrolada na cama como um bichinho de conta.
Fitando o branco do armário à minha frente....
Nem sei contabilizar os minutos em que estive assim:
Alheia a tudo e todos,
Fechada dentro de mim,
Vogando num mar de pensamentos,
Que se alternavam aleatoriamente sem que eu tivesse
forças para inverter essa maré de recordações,
em que mergulhava, sufocando lentamente.
E ali estava eu, estática, sem forças paraa me mexer,
sem conseguir alterar o rumo dos pensamentos...
Imersa num mar de dor,
de raiva pelos enganos em que fui caíndo ao longo da vida,
de tristeza pelos erros que cometi,
de saudade dos amigos de quem me fui afastando...
Lembrei-me de familiares que há tanto partiram,
de episódios em que a injustiça venceu,
de sonhos que pereceram sem verem a cor dos dias...
Dei por mim perdida...
Tentei mexer-me e não podia,
as lágrimas rolavam-me pelo rosto
e nem as conseguia limpar.
Sentia tudo, mas o meu corpo
estava inerte, inútil, frágil.
E, em silêncio, reminescências de momentos passados,
embrulhavam-se nos actuais,
numa rede de teias, mentiras, falsidade, saudade e dor.
Sempre a dor, a dor de não ter sabido ver.
A dor de não ter percebido...
A dor de ter tentado não ver...
A dor de ter errado.
A dor de ter fingido que tudo estava bem...
A dor de esconder a dor que me consomia lentamente.
Momentaneamente a escuridão pegou-se à minha pele
como um manto, uma mortalha que me silenciava.
Foi aí que, da minha garganta soltou-se um gemido.
E lentamente recobrei a consciência do que me rodeava...
A cama, o armário branco, as faces húmidas,
o sal das lágrimas...
Fui voltando a mim, ao meu corpo que antes não sentia.
Ah, a sensação de regressar de uma viagem para além de mim,
para além da consciência, para além do peso dos membros,
para além do meu corpo.
A pouco e pouco voltei a ouvir os sons que me rodeavam,
o cheiro da minha pele
o calor da minha respiração...
Mexi um dedo,outro e mais outro...
Olhei espantada para as minhas mãos
Como se as visse pela primeira vez.
Como se nem as reconhecesse,
Numa sinestesia de sons, cores e movimentos
que me martelavam o cérebro, devolvendo-me ao momento presente.
A um presente de luta,
A um presente de revolta,
De volta à vida?
sábado, 25 de novembro de 2006
"Sempre ausente"
por ser quem era sem se preocupar com rótulos limitadores....
De entre as suas músicas, esta toca-me particularmente:
Sempre ausente
Diz-me que solidão é essa
que te põe a falar sozinho
diz-me que conversa
estás a ter contigo
Diz-me que desprezo é esse
que não olhas p'ra quem quer que seja
ou pensas que não existe
ninguém que te veja
que viagem é essa
que te diriges em todos os sentidos
andas em busca dos sonhos perdidos
uh-uh-uh-uh-uh-uh
uh-uh-uh-uh-uh-uh
lá vai o maluco
lá vai o demente
lá vai ele a passar
assim te chama toda essa gente
mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar
mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar
mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar
diz-me que loucura é essa
que te veste de fantasia
diz-me que te liberta
de vida vazia
diz-me que distância é essa
que levas no teu olhar
que ânsia e que pressa
que queres alcançar
que viagem é essa
que te diriges em todos os sentidos
andas em busca dos sonhos perdidos
uh-uh-uh-uh-uh-uh-uh
uh-uh-uh-uh-uh-uh-uh
lá vai o maluco
lá vai o demente
lá vai ele a passar
assim te chama toda essa gente
mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar
mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar
mas eu estou sempre ausente e não me conseguem alcançar
não me conseguem alcançar
não me conseguem alcançar
não me conseguem alcançar
António Variações
quinta-feira, 23 de novembro de 2006
Estou farta!
Cansei-me
estou farta que se metam na minha vida
que se intromentam sem serem convidados
que dêem palpites, sugestões, conselhos...
tudo em "prol do meu suposto bem"....
Hipócritas, fingidos, actores de improviso.
Quero que desapareçam
Que me esqueçam
que me deixem viver a minha vida à minha maneira,
"Sempre sempre à minha maneira"!
A partir de agora já nem finjo ouvir por educação.
A educação que vá pelos ares, que se volatize.
Se errar e cair, levanto-me, lambo as feridas e volto a tentar.
Sou "fera ferida, no corpo, na alma e no coração",
mas sou eu que faço as minhas escolhas,
que tomo as minhas decisões.
Como sempre fiz e farei.
domingo, 19 de novembro de 2006
"Eis-me..."
Eis-me
Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face
Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio
Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente
Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto (1962)
"Because Of You"
Mais uma música em que me apaixonei pelo poema....
Because of you
I will not make the same mistakes that you did
I will not let myself cause my heart so much misery
I will not break the way you did
You fell so hard
I've learned the hard way, to never let it get that far
Because of you
I never stray too far from the sidewalk
Because of you
I learned to play on the safe side
So I don't get hurt
Because of you
I find it hard to trust
Not only me, but everyone around me
Because of you
I am afraid
I lose my way
And it's not too long before you point it out
I cannot cry
Because I know that's weakness in your eyes
I'm forced to fake a smile, a laugh
Every day of my life
My heart can't possibly break
When it wasn't even whole to start with
(...)
Because of you
I never stray too far from the sidewalk
Because of you
I learned to play on the safe side
So I don't get hurt
Because of you
I tried my hardest just to forget everything
Because of you
I don't know how to let anyone else in
Because of you
I'm ashamed of my life because it's empty
Because of you
I am afraid
(Composição: Kelly Clarkson, David Hodges e Ben Moody)
"Changes"

Como sempre oiço uma música, "escutando" o poema antes de tudo...não resisti a excertos desta....
Changes
Não vou lamentar, o que passou passou
Eu vou embora, meu tempo acabou
Tenho muita coisa para descobrir
Eu sinto muito mas tenho que ir
Vou indo porque nada mais me prende aqui
É o final do show
E não fique magoado porque vou partir
É só o jeito que eu sou
(...)
Livre eu me sinto, sublime
Gente mais gente
O mar e o céu azul
(...)
Sempre em frente, nunca pra trás
Sempre em frente, nunca pra trás
cantado por Seu Jorge
MUDANÇAS

"Muda de Vida"
Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar
Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens...que ser
assim?...
Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar
Ver-te sorrir eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens... que ser
assim?...
Olha que a vida não, não é nem deve ser
Como um castigo que tu terás que viver
Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar
António Variações
Cantado por Manuela Azevedo in HUMANOS
terça-feira, 14 de novembro de 2006
"PUS A ALMA...."

Gosto especialmente desta música de Adelaide Ferreira (mais uma vez confesso que antes de mais me "apaixonei" pelo poema):
PUS A ALMA NOS TEUS DENTES
O meu corpo é um caminho
que só eu sei onde vai
na busca do teu carinho
ora balança, ora cai
Quando repousas as ancas
sobre a minha pele lisa
o suspiro que me arrancas
é a alma feita em brisa.
Não deixes que a noite escura
dê ao nosso amor um fim
porque me sinto mais pura
quando estás dentro de mim
O meu corpo é um caminho
que só eu sei onde vai
na busca do teu carinho
ora balança, ora cai
Fico ali adormecida
numa alegria tamanha
e volto outra vez à vida
porque a tua barba arranha.
Quando me beijas os seios
com os teus lábios frementes
vê os meus olhos - fechei-os,
pus a alma nos teus dentes
O meu corpo é um caminho
que só eu sei onde vai
na busca do teu carinho
ora balança, ora cai
Adelaide Ferreira
(Letra: Tiago Torres da Silva/ Música: Rui Veloso)
sexta-feira, 10 de novembro de 2006
Ecos

quinta-feira, 9 de novembro de 2006
Solidões

Um carinho que me preenche o vazio dos dias.
terça-feira, 7 de novembro de 2006
Espelho de... Água

empurram-me para um fundo que não quero.
Esgatanho-me a tentar trepar pelas pedras lisas.
Em vão tento, mas sempre escorrego...
As águas espelham um passado que já foi
Um eu em que já não me reconheço...
Soluços estrangulam-me a voz,
Silenciando-me o grito.
Ninguém me escuta,
Só o murmurar do vento parece responder ao meu apelo
E aqui fico, presa ao quotidiano das palavras
aos gestos mecânicos do meu eu.
A ti, que me lês confesso-me:
Procuro a roldana do meu poço
Aquela que me tirará deste abismo,
Desta luta de gritos mudos,
De lágrimas amargas,
De sonhos adiados.
Será que podes ouvir o que não digo,
Mas que em vão medito....
O que grito emudecida pelas mordaças do desprezo dos outros
Quer o confesse ou o esconda.
E nas águas do poço espelha-se a minha dor
Os meus gestos cansados de lutar.
sexta-feira, 3 de novembro de 2006
"Hoje é o primeiro dia..."

Sonhei que as amarras que me ligavam à tristeza
Explodiam e me libertavam....
Os gradeamentos que me cerceavam volatilizavam-se.
E, eu, voltava do fundo do abismo viva.
Cada lágrima que me escorria pelo rosto
Limpava meses de sofrimento....
E o farrapo em que me transformei
Transfigurava-se num novo ser,
Frágil, mas com coragem para lutar.
"E veio-me à memória uma frase batida:
Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida..."
quinta-feira, 2 de novembro de 2006
Declaração

Vou esforçar-me para ver para além do cinzento,
Ver mais além das barreiras que me cercavam.
Libertar-me das amarrras psicológicas,
Permitir-me voltar a sonhar...
Abarcar o mundo numa só golfada!
Inspirar a vida que estagnei
e expira-la em contracções libertadoras.
Passo a passo, ir expulsando a dor,
Procurar o calor, saborear o momento
Renascer das cinzas
Reaprender a sorrir,
Olhar e ver as cores...
Embeber-me de maresia
Mergulhar na liberdade de voltar a ser.
quinta-feira, 26 de outubro de 2006
"O Quebra-Nozes"

quarta-feira, 25 de outubro de 2006
Mau tempo
terça-feira, 24 de outubro de 2006
Aridez

Questiono-me,
E não encontro respostas
Só aridez....
Caminhos labirínticos,
Perigos emudecedores.
Vagueio sem rumo,
Perco-me na solidão.
Sou mais uma na multidão
Que soçobrou,
Afundando-se em desertos de melancolia.
Não me (re)conheço
Sou um grão de areia no meio da vastidão
Hoje sinto cansaço,
Cansaço de lutar em batalhas perdidas....
Cansaço de não querer ser igual aos outros que me condenam
E acabar exaurida de tanto batalhar....
Em mim os sonhos morrem antes de nascer
Morrem em mim e aqui permanecem
Num teatro mórbido, em que instintivamente
Desempenho o meu "papel"
Abrigando tudo o que foi e não passou
Tudo o que passou e em mim morreu.
E o tempo passa
Insensível ao meu sentir.
Houve tempos em que comemoravam o dia dos meus anos
Hoje cumpre-se ritualmente
Sem que um assombro me encante a alma.
quinta-feira, 19 de outubro de 2006
Turbilhão

Os meus dias arrrastam-se...
Inexoravelmente sinto-me no meio de um turbilhão emocional.
O meu humor oscila entre a tristeza profunda
E o fingimento duma alegria passageira,
Impiedosamente sobe à tona o meu cansaço,
A solidão da minha alma,
A revolta de ser o que não sonhei ser.
A incompreensão dos outros...
O meu desalento perante mim...
Não sou quem fui...
E por mais que procure não me encontro,
desconheço-me...
Aninho-me no silêncio dos pensamentos.
terça-feira, 17 de outubro de 2006
"A vida secreta das palavras"

Há meses que estava para ir ver o filme"A vida secreta das palavras", título, com que secretamente fiquei obcecada, mas por um motivo ou outro lá ia adiando...
Ontem fui, finalmente, vê-lo, sob grande expectativa. O filme narra-nos uma história sobre o poder do amor, mas sem a mediocridade de um argumento delico-doce.
É realizado pela espanhola Isabel Coixet e conta com a actuação sobriamente magistral de Tim Robbins e Sarah Polley nos principais papéis. O filme é um grito poético contra a dor, a culpa, os traumas e a guerra, mostrando que a esperança não morre.
Numa plataforma petrolífera no mar, onde só trabalham homens, imersos na solidão e isolados pelo mar, acontece um acidente. Hanna, também ela dolorosamente solitária, oferece-se como enfermeira para cuidar de um trabalhador da plataforma que ficou temporariamente cego, Josef (magistral interpretação de Tim Robbins), com queimaduras múltiplas e a dor de uma culpa que o mortifica.
O filme é um poema cruel e realístico, onde somos levados a entrar no torturado mundo interior de uma mulher que foi submetida a tortura e violação, durante a “guerra” da Jugoslávia. As palavras constituem a razão de ser para continuar a viver, para revelar escondidas dores, sentidas à flor da pele.
Segundo a realizadora, é um filme: "sobre o silêncio repentino que antecede uma tempestade, e acima de tudo, sobre o poder do amor, mesmo nas mais terríveis circunstâncias".
segunda-feira, 16 de outubro de 2006
Chove em mim.

sábado, 14 de outubro de 2006
Cor

Preciso de cor
Procuro a luz
Anseio pela libertação desta dor....
Sonho ser feliz
Misturar todas as cores
como um petiz....
Preciso viver
Deixar este limbo de escuridão
em oceanos de cor me embeber...
Preciso de luz
que expulse as trevas
para onde o meu ser me conduz...
Preciso de amor
de um refúgio
onde fuja da dor...
Preciso de calor
Que me aqueça a alma fria
Preciso de amor...
Busco um regaço
para repousar de tanto sofrimento
Fugir do cansaço...
Anseio mergulhar na melodia
que disperse as trevas
Do meu dia-a-dia.
quinta-feira, 12 de outubro de 2006
Desabafos

quarta-feira, 11 de outubro de 2006
Grito de revolta

Quem sou? Não me reconheço na
imagem que o espelho me devolve...
Farrapo de quem já fui...
Trabalho, mas já não consigo entregar-me...
Mataram-me os sonhos, antes de os ter sonhado.
Violaram-me a esperança antes de a ter tido.
Roubaram-me o alento antes de ter força.
Subjugaram-me o viver antes de o planear...
Agrilhoaram-me às vicissitudes do quotidiano.
Impuseram-me a perca de tantos projectos de vida,
cegos, surdos e imunes ao mal que provocaram...
Ditatorialmente deitaram por terra todo o meu ser!
Agora, derrotada fisica e emocionalmente,
Resta-me a força moral para gritar a minha revolta:
Odeio o que esta política faz a mim e ao meu país...
Por isso grito, choro, e não me calo!
Por isso declaro basta!
terça-feira, 10 de outubro de 2006
Cinzas

segunda-feira, 9 de outubro de 2006
De costas voltadas...

Há dias em que acordamos de costas voltadas para a vida.
Dias, em que apesar do sol brilhar, tudo à nossa volta nos cobre de escuridão, a alma pesa-nos. Tentar enfrentar os nossos problemas surge como tarefa impossível, para a qual já não me restam forças, nem alento.O meu eu anda revoltado comigo, os meus sonhos enovelam-se nas teias dos pesadelos, tento cumprir o que esperam de mim, mas sinto que estou a superar tarefas mecanicamente.A profissão perdeu muito do encanto com a política vigente.E o que está para vir ainda me mergulha mais na escuridão.Anseio um raio de sol, uma luz que me ajude a largar esta dor que me sufoca, mas os dias passam, inexoravelmente imunes ao que se passa dentro de mim...
sábado, 7 de outubro de 2006
Impressão

Depois de tantos dias em lutas homéricas com linguagem Html, ....tenho a impressão que consegui recuperar o meu blog, que tinha sofrido um profundo revés...Sem eu saber como, tudo se tinha apagado à excepção dos posts...Dei por mim a "estudar" códigos e tutorias, a tentar, a errar e a recomeçar. Decidi que havia de vencer esta batalha e ... voilá, o meu blog tal Fénix renascida das cinzas, voltou a ter forma...não a inicial, mas pelo menos com os conteúdos repostos....e com imagens de gatos, muitos gatos...que eu adoro! Ufa! Deixo aqui a minha impressão para confirmar a vitória neste round, andei tão absorvida que até me esqueci de mim e dos meus labirintos emocionais. ;)
quarta-feira, 27 de setembro de 2006
Lutar em vão
Tanta cara nova, tantos sonhos por revelar...
Os dias arrastam-se num limbo de dor
Finjo alegria com a alma a gritar.
Transmito, debito, explico,
repito, indago, solicito.
Inexoravelmente cumpro as obrigações
Olho em frente, mas nada me ilumina.
Tenazmente procuro explicações
Ignorando que a busca termina
numa parede de silêncio.
Calar para não gritar
as lágrimas que trago escondidas,
as perguntas proibidas
Que tenho que evitar.
Invento nevoeiros de palavras por dizer,
Ecos de projectos inacabados
Fragmentos amachucados
de sonhos por viver.
Cansada desta luta sem fim
Abrigo-me, escondida, dentro de mim.
Ridícula

Ridícula, perdida...
sinto-me actriz sem talento,
numa farsa sem argumento
arrastando-me pelos palcos da vida..
terça-feira, 25 de julho de 2006
Ai que saudades...
Parece que está meio mundo de férias, a cidade onde moro está um marasmo, iniciativas intelectuais "estão suspensas", população pouca e só à noite e durante os fins-de- semana não sei mesmo se a cidade "não partiu para parte incerta".Como não sounada apreciadora de televisão pouco me resta:-gata, livros, amor e... net, flagelo para uns, trabalho para outros e ainda diversão para muitos.Nestas viagens pela blogosfera nunca deixo de passar por vários blogs, dentro destes o blog A tua Amiga, é uma tentação a que não resisto.Deduzo que toda essa escrita é produto do alter ego de alguém, encoberto no papel de "acompanhante", mas as situações narradas são de uma vivacidade linguística, condimentadas q.b. e de uma comicidade inata. Confesso que faço parte das fans.Dentro doutro tipo, gosto muito de ler o blog Mamãããã!!!, se o primeiro me faz chorar de tanto rir, o segundo faz-me transbordar de sentimentos, que quase sempre também me levam às lágrimas...Como neste momento não tenho net, pois solicitei mudança de operadora, estou com algumas falhas de "actualização da blogosfera", mas a vontade era tanta que aproveitei uma deslocação a casa do Pai a fim de "alimentar" a netmania.Ai que saudades que tinha do meu "bloguinho"...lol
domingo, 23 de julho de 2006
Hoje
Hoje a luz do sol fez-me ser conivente com a felicidade, eu que sou atreita a períodos de tristeza.Mas quem resiste ao brilho de um dia assim, ao chilrear das aves, à luminosidade dum olhar que nos reflecte e que se reflecte em nós?Hoje foi um dia bom, diferente, há dias assim, "dias de alma branca", em que as impressões sensoriais nos percorrem num frémito de prazer e se alojam em nós aquecendo-nos o coração.Dias em que as sensações se vivem à flor da pele, burilando teias de cores alegresque substituem a negritude usual.Hoje apetece-me pintar na tela da memória, em pinceladas vibrantes, os sons que sonhei.Hoje acorrentei a mágoa, a dor das injustiças da vida, a amargura de ficar aquém....Hoje fui feliz, amanhã logo se vê....
Noites

Os meus dias fundem-se nas noites...
Noites de silêncio e meditação,
Onde mil fantasias sobem ao palco
Escondidas pelo manto da escuridão.
Há olhares que se fundem na noite,
Mãos que se enlaçam em segredo,
Confissões que se murmuram
Enquanto os sentidos desvendam texturas.
O manto negro envolve os sentidos,
desbravando mistérios iluminados pelo luar...
A pele arrepiada revela-se
Num poema de antiquíssimas sonoridades.
sábado, 22 de julho de 2006
Parabéns

Dia 20 a minha princesinha fez 1 aninho
Aqui está a fotografia do bolinho.
A tia deixa-lhe aqui esta lembrança
Numa singela homenagem à criança
Que reina no coração da tia...
Feliz aniversário, Sofia!
Meu corpo...
Meu corpo, ínfimo na grandiosidade que o rodeia, quer entender o que não pode ser compreendido...Meu corpo, perdido de mim, quer alcançar o âmago do meu ser, procurando no infinito o que não pode possuir.
quarta-feira, 19 de julho de 2006
Para Além do Azul
terça-feira, 18 de julho de 2006
Espelho

Fluir no infinito...
Mergulhar num mar de prata,
Balançar na espuma das vagas.
Sonhar ser maré,
Fluxo e refluxo...
Nimbar-me de sonhos,
Voar sobre mim,
Deslizar no teu corpo
Fundir-me em ti!
Confissão
Ajo segundo a minha vontade.
Nada me demove.
Abandono-me ao sol,
Indiferente a tudo e a todos.
Depois procuro quem me mima
E aninho-me no seu coração. ..
segunda-feira, 17 de julho de 2006
TU...

Quem me amparará a dor
Segurando-me contra o peito?
Quem me iluminará o dia só com um olhar?
Quem afastará de mim o medo de sentir, a recusa em
acreditar?...
Quem será a minha sombra protectora e o calor que me aquece a alma e reconstruirá o meu coração fragmentado?
Queimadura

Ah!....Se eu pudesse agarrar o sol.
Inundar-me da sua luz,
Queimar-me no seu esplendor
E renascer das cinzas...
sexta-feira, 14 de julho de 2006
SER

"Quem foi e não voltou.E não voltando
entre ter sido e ser - está dividido
Eu sou o que ficou aquém do quando
Pelo tempo em pedaços repartido
Eu sou o que assaltou o paraíso
e disse não. Eu sou o subversivo
Meu reino é entre a lágrima e o riso
E só de me querer livro sou cativo.
Manuel Alegre
Repartida

"Quem foi e não voltou.E não voltando
entre ter sido e ser- está dividido
Eu sou o que ficou aquém do quando
Pelo tempo empedaços repartido
Eu sou o que assaltou o paraíso
e disse não.Eu sou o subversivo
Meu reino é entre a lágrima e o riso
E só de me querer livro sou cativo.
Manuel Alegre
FRAGMENTADA
Este blog nasceu no meio do abismo em que todo o meu ser se afundou, estou exaurida de lutar como D. Quixote, sem possibilidades de vencer o caos ...
Dei tudo e fiquei sem forças, agora resta-me juntar os pedaços e refazer-me para aguentar o próximo ano laboral.
É difícil.... não quero pensar, mas dou por mim a fazê-lo, não quero sofrer e dou comigo a penar, não quero sentir e dou comigo a chorar.
Como diz Manuel Alegre "não sei de quantas lágrimas se tece a dor", por isso espero....e sonho...
quinta-feira, 13 de julho de 2006
quarta-feira, 12 de julho de 2006
Cegueira
Gastos como animais envelhecidos,
Se alguém chama por nós não respondemos
Se alguém nos pede amor não estremecemos
Como frutos de sombra sem sabor
Vamos caindo no chão apodrecidos".
Eugénio de Andrade
Memória
- "A memória mente ao tempo. Porque é perigoso que o amor ganhe a intensidade da paixão que o gera.
- " A memória é uma especíe de agente duplo: mata-nos ao mesmo tempo que nos ressuscita".
- "Não há memória mais terrível do que a da pele; a cabeça pensa que esquece. O coração sente que passou, e a pele arde, invulnerável ao tempo".
(Inês Pedrosa, A Instrução dos Amantes)
terça-feira, 11 de julho de 2006
Perdida

Jan Krömer's photo
"Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim"
(Mário de Sá Carneiro)